Enigmas Paralelos

Não gosto de lugares pequenos, pois sei o quanto atraio pessoas desse mesmo tamanho. Preciso de espaços mais amplos, onde o convívio seria mais suportável, porque eu teria como driblar as presenças que me anulam, que perturbam o meu vazio.

A estranheza de meu ser tenho adaptado às circunstâncias. Contradigo

os paradoxos, assemelhando-me ao convencional, manifestando minhas

inconstâncias de maneira habitual. Informalidade normal? Ocasional costume? Perfeitas contradições.

Qualquer prisão me liberta. Qualquer liberdade me prende. Estou sempre

à beira da morte, sentindo minha carne sendo dilacerada pelos mais profundos cortes, quando qualquer abandono me rende, me deteriora nesse nada de mim.

Pouco é o que necessito no sem fim da diversidade, porque para mim, o que faz sentido é ter o mais que querido enquanto gozo de alguma saúde

e idade. Minha disposição impulsiona meus atos e me liberta da mesmice.

As impressões que movem o mundo fazem com que, na verdade, fique cada vez mais difícil saber o que se quer. Efêmero é o momento completo porque a verdadeira felicidade nunca exigiu um teto.

Nunca se está pronto para "o que der e vier"! Se der... deu! Se não der... nem eu! Abstenho-me como os demais. Sou mais um no bando, convivendo com essa massa num estado perpétuo e bisonho. Seres estranhos.

(Ser Estranho)

05.10.2006