PARA O ALMO BUQUÊ

Toda alma é feminina, não importa seu invólucro, se de homem ou de mulher.

Toda alma é feminina, portanto misteriosa como toda mulher. E se é mistério é divino, é o inalcançável ao alcance dos mortais, pobres mortais que buscam almas que os torne vivos.

Todo mistério é feminino, portanto mágico, doce, um buscar eterno pela mortalidade.

É feminino o principio de tudo quanto é novo, de tudo que se faz, porquanto tudo que se faz é para agradar a alma (que é feminina), não importa se a minha pobre alma feminina de homem ou a alma da menina, da anciã, da ânsia de liberdade, das verdades que se ocultam no olho, na pele, nas fases da alma.

Sim, toda e qualquer alma é feminina, mesmo a dos mais temíveis vilões. Se não, como explicar tantas canções? Tão altos edifícios? Tantos artifícios para impressionar tantas possíveis almas gêmeas?

Toda alma é mistério, e alma de mulher é duas vezes feminina, portanto duas vezes misteriosa e não há quem decifre o mistério dentro do mistério, pois toda mulher é segredo mesmo que desnuda, mesmo que gritando ao vento tudo que ela foi, é, ou sonha ser.

E é este mistério, este jamais revelar-se que nos fascina. É esta força que nos domina sem armas, que nos pune e nos absolve, que nos faz sentir mais vida, pois não há vida sem alma e toda alma é feminina.