MAR, MAR, MAR

No Índico, chamam-me menino do Mar, porque nasci lá perto, junto ao Rio dos Bons Sinais. Sim, Menino do Mar e nunca me deram outro nome, que não este. E em mim moram Zambezes e Tejos.

No Golfo da Biscaia também me chamam "o Mar" e junto ao Mar Tirreno chamam-me "do Mar". Curioso, nunca me lembrei de tanta coincidência junta.

Diziam as antigas lendas Africanas, que lá nos Mares distantes, bem longe, haviam abismos medonhos e profundos.

Terei eu algum abismo medonho e profundo que abrigo desde tempos imemoriais? Sei como corpo estranho que me encontro preso nas entranhas de Mares distantes mais a norte.

E a Fala do Mar Índico que transporto ecoa ao longe, lá muito ao longe, faz tempo, muito tempo.

Os Marinheiros pararam de remar e os navios ficaram baloiçando no Mar revolto e incerto.

E assim é o meu Futuro.

Delmar Maia Gonçalves

(Poeta/Escritor Moçambicano)

DELMAR MAIA GONÇALVES
Enviado por CEMD em 16/03/2013
Código do texto: T4191281
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