'' O VENTO ''

O vento sempre me fascinou.

O vento quente de agôsto, que levantava minha saia quando eu ia para a escola e quando para casa voltava, me deixava fascinada de alegria...eu sempre gostei do vento quente de agôsto.

Minha cidade fica encravada na montanha, na serra, o verão por aqui é quente demais, depois vem março e suas chuvas alagando tudo, e quando abril vai chegando o tempo já vai esfriando e em julho faz um frio de rachar mamona e de repente chega agôsto e seu vento quento anunciando que em setembro a primavera vai ser boa, os ipês amarelos florescem nesta época do ano e a côr amarela prevalece, mas tem tambem o ipê roxo, o ipê branco e o vento quente de agôsto esquentando o tempo por aqui...que vento delicioso!!!

Quando vou 'a praia adoro ficar sentindo o vento que vem do mar meu corpo soprar, e se saio a passear em um barco ou veleiro deixo que o vento desmanche meu cabelo de qualquer jeito, nem ligo, fico parecendo uma coisa, uma bruxa horrível, mas nem me importo.

Adoro andar de carro conversível, capota arriada e o vento batendo forte na minha cara.

Já fui em praia de nudistas tanto por aqui quanto no exterior e que delicia quando o vento traz areia que batendo no corpo da gente dá uma dorzinha gostosa, só não gosto quando a areia trazida pelo vento entra no meu olho, nos outros lugares do corpo nem ligo.

Tomei muito banho de cachoeira nua em pelo com o vento da natureza mais o vento que faz a água caindo, um turbilhão!!! gostosura das gostosuras.

Nadei pelada na piscina cá de casa com uma tempestade se anunciando, o céu preto, o vento uivando e eu nadando...amei!!! tive que sair correndo mesmo estando nua em pelo, raios e trovões caiam aos borbotões.

Fiz e faço ainda caminhadas contra o vento, gosto disto, de enfrentar o vento de frente, cara a cara, ele me empurra , eu forço e avanço passo a passo, ele passa, eu avanço....ele perde e vai embora, eu ganho e sigo em frente...vento, vento amigo.

Nunca parei para pensar por que é que é que eu gosto tanto do vento, adoro ventanias, rodamoinhos...quando era menina e sempre no começo de novembro e mesmo até a metade, eu corria atras dos rodamoinhos que levantavam terra e levavam tudo pela frente, latas de lixos, papéis, bacias dos quintais e até pequenos animais...levou uma vez uma galinha do quintal de minha avó, eu vi, e jogou a coitada por cima da cerca largando a pobre esparramada no quintal da dona Zinha, vizinha da minha avó...adorei, fui lá e catei a coitada que nem andar direito podia, tratamos dela e ela viveu por muito tempo....qui ventu danadu!!!!

Gostava de ver aquele deus mitológico com asas nos pés, Mercúrio, minha avó me contava histórias sobre ele, dizia que ele era rápido e rasteiro e corria mais que o vento, adorava!! colei um desenho dele todo colorido na capa do meu caderno e sempre gostei de ler livros que tinham títulos com o vento...O Tempo e o Vento, ...E o vento levou, O morro dos ventos uivantes e ficava fascinada com histórias de vento, lobos e luas cheias.

Minha avó contava lendas e folclores da terra dela, dizia que por lá os lobos sabiam quando seria noite de ventania, começavam a uivar do nada e nem ainda estava ventado e iam aumentando a gritaria, uivos que pareciam lamentos e dito e feito, horas depois o vento soprava forte e se fosse lua cheia...mamma mia!!! e eu queria tanto isto ter visto, escutado, presenciado...não vi, não escutei e muito menos presenciei...que pena!!! não senti o vento e nem escutei e vi os lobos...adoraria!!!

Fui a Miami e estando por lá foi anunciado um furacão, fiquei nervosa só de pensar em ter que ir embora, eu queria ficar e minhas amigas loucas de mêdo tentanto a volta adiantar, eu dizia que ficaria e de fato fiquei e quando o furacão chegou eu sai pela portaria do hotel e fui ficar lá na calçada sentido a fôrça do vento, era demais, forte demais, aguentei quanto pude e via o pessoal lá dentro me fazendo sinais para entrar e se não entro coitada de mim, uma rajada bem forte me jogou para tras, cai sentada e quase fui arrastada, me segurei em um pequeno poste, levantei e corri para dentro inteirinha molhada e toda desalinhada...mas eu tinha um furacão enfrentado.

Até o reporte de uma TV local veio me cumprimentar.

Adorei, fiz amizades naquela noite, dei entrevistas ( em português, que depois eu assisti na Tv e olha eu lá e sendo traduzida) e eu havia matado minha vontade de estar no meio, no olho, de um furacão, estive!!

Qualquer dia destes vou me lembrar de contar para meu analista sobre isto, sobre esta minha mania de gostar do vento, quem sabe ele me vem com uma explicação das boas, mas enquanto isto não acontece vou continuando a gostar do vento...

Venta vento, venta...faça mesmo ventanias, vente tanto que levante saias rodadas como antigamente, vente tanto que abra portas, janelas e venezianas, venta vento, venta, vire tudo nos avessos, guarda-chuva, sombrinhas para que nunca mais tenham consêrtos, arranque roupas limpinhas e fresquinhas acabadas de põr no varal...kakakaka...que raiva que dá!!! venta vento, venta e balance os lençois acabados de tambem serem postos no varal parecendo brancos fantasmas se balançando e venta vento, venta enlaçando as pernas das calças dele que se balançam no varal nas pernas das calças dela que estão juntas no mesmo varal...afinal as pernas verdadeiras se enlançam assim toda noite gemendo e fazendo amor a noite inteira.

Venta vento, venta.....e deixa a rêde por nossa conta, minha e dele, que disto tomamos conta, ficar fazendo amor e balançando de lá prá cá....de cá prá lá, e vento, não venta forte não que é para não esfriar...manda só uma pequena brisa, fresca e gostosa que é para nós dois do calor nos livrar...que com certeza a coisa ali na rede nesta hora vai estar pegando fogo...fogo...fogo.

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 18/03/2013
Código do texto: T4196047
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