Dueto Singular

Chamo você de antítese, de contrário.

Minha contradição, o espelho oculto.

Se vai embora, quando volta, não me calo, eu o culpo!

Não importam os motivos, quando sente que algo falta,

Se percebe que a vontade falha...

É porque dei-te as costas, e precisas de mim.

Não contempla o horizonte

Pensando que a vida tem apenas um lado.

Senão te perdes, se me perde, perde o teu sentido.

Se for teu contrário, sou parte. Tua parte.

Calada, eu sei, mas estou aqui.

E me manifesto a cada ousadia.

Quando me renegas

Não pressente uma brutalidade?

Fatalidade do acaso, controvérsia.

Se não existo, tu não sonhas.

Que vê no espelho quando reflete tua imagem?

Minha face? Fita teus sonhos.

Contempla narciso, uma miragem.

Reages de novo, rezando no escuro...

Olhando sozinho.

Teu eu pelo sonho, ao contrário no espelho.

Seguindo o sonho sonhado... Sonho, caminho.