A Procissão

Águas frias bentas

em pias.

Correntes submarinas

Douram a pele .

Como uma sesmaria

Invade o atol.

Formas breves e beatas.

Pedindo licença

Se formam sem perceber.

Ganham proporções

e agigantam-se.

- Por não saber rezar

Deixam acontecer.

Um terço...

Um meio dia de querer tanto.

Tal qual sentinela de convento

Recem visitado.

Fica no ar a borra...

Gosto de velas e procissão.

Calejada e dolorida marcha popular.

Do topo a visão abaixo.

Escadarias em coracóis.

Ao longe...

Bela e grande miragem.

Sempre nova pelos tons do Sol.

Desfilam casas, vilas e cidades.

Como contas de rosários...

na ponta da língua.

Arremessados à imagem santa.

Já calada e cansada

No andor da vida.

A cada pausa...

Verônica e seu grito canoro.

Dor que agita piedosa multidão.

Calvário longo e aflito.

Fielmente cumprido.

No aperto de mão.

Na cerca viva de fé

Buscando a redenção.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 28/03/2013
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T4212324
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