FIM DE TARDE.

Chagaspires

Lá se foi o sol por sobre os montes.

Seus últimos raios tingem de rubro o firmamento, onde repousam os fins de mais um longo dia.

A natureza morna, quedada; parece a plateia muda de um circo a espera do salto mortal do trapezista.

É a agonia da tarde.

O céu escuro e as sombras povoam os mais distantes recantos da terra.

O bater de um carrilhão ecoa ao longe com languidez sublime.

É a hora do ângelus.

Os pássaros voam a procura de seus ninhos; os grilos fazem mais forte o seu cantar, anunciando a noite que chega.

O homem caminha de volta a casa depois de mais um dia de constante lida.

O mundo agora envolto pelo neon das luzes parece um brilhante de contos de fada a crepitar com um fulgor intenso.

A esposa volta os olhos para os céus, rogando a DEUS paz e promissão para sua prole.

A criança com seu sorriso inocente brinca ao redor da mãe, com a ingenuidade que lhe é tão peculiar.

O sol se foi; a noite chegou, e a criança dormiu.

O homem e a esposa numa comunhão de sentimentos procuram vasculhar o futuro à espera de dias melhores.

Lá fora, no mar sereno, os raios prateados da lua clareiam a noite fazendo-nos esquecer da tarde que se foi.

NOTA DO AUTOR: “Escrevi este texto nos idos de 1971.”

Chagaspires
Enviado por Chagaspires em 04/04/2013
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