Rastros...

As dores jorraram, como nunca dantes fora visto. Dessa vez foram dores calmas, quase imperceptíveis; que se derramaram, por dentro e por fora. Ela não as queria ver, mas via.. Ela não queria,mas doía tanto... E quanto mais relutava..a poesia jorrava..como o sangue que vai pingando lentamente, em busca da morte que nunca chega. Até o esgotamento total. Estas dores foram pancadas profundas, daquelas que se fazem perceber por ferimentos letais...e fisicamente escondidos. Como a artéria que estoura e causa infarto...mas que só se mostra pela dor e pelo sufocamento. A música foi provocando um som tão íntimo... que a dor se acostumou com a latência das feridas..com o pus acumulado... e foi deixando rastros.. O nevoeiro chegou e foi experimentando os caminhos, até ofuscar a vista.

Sentir a morte, assim de perto, pode ser dolorido a quem não a procura. Mas.. ela foi-se deixando. A morte lhe parecia tão fina...como uma chuvinha almejada num fim de tarde de um dia muito quente... E a morte foi morrendo, como se para todos um dia chegasse da mesma forma, mas pra ela veio com uma dor... uma dor lenta que foi ficando... Uma dor interior, pequena, que se foi agigantando..deixando rastros...

As pessoas que seguiram sua trajetória não imaginavam..mas aquela pessoa que pulsava ávida..cada dia menos queria. Era uma luta interna, profunda, pra manter, todo dia, os olhos acesos. As lamparinas pediam arrego..e no acalanto das noites se acalmavam diante da possibilidade de não mais se abrir. Queriam a escuridão, a madrugada, a noite torpe dos amantes que se perdem, dos ratos que passeiam, das cobras que picam..dos suicidas que se resolvem tendo a lua como cúmplice.