É VOCÊ...?

É VOCE...?

Sabe, eu gostaria muito que fosse você, mas infelizmente eu não tenho certeza. Existem tantas historias antes dessa, que está prestes a ser iniciada, e isso me apavora. Não que eu não queira outra historia, mas que ela fosse diferente das demais, com outras cores pra serem admiradas,outros sons pra ser ouvido com mais clareza, enfim, uma maneira diferente pra ser iniciada para que não seja um repeteco, uma xerox que já conheço. Eu sei que você não me compreende, mas compreenderia se já conhecesse uma das minhas historias, dos personagens, dos protagonistas que ensaiaram mas não conseguiram terminar a filmagem. Gostaria muito que fosse você, algo me diz que vai ser, ou talvez seja só a minha esperança, colocando-se a frente das minhas expectativas, tentando colocar um brilho nos meus olhos, deixando-me com um ‘oh!’ toda vez que a encontro. É engraçado como nos mostramos tão duros, inatingíveis, soberanos, mas no fundo somos um torrão de açúcar que se desmancha com qualquer pingo d’agua; sabemos que estamos ali, em outro estado de matéria, mas ao mesmo tempo não gostaríamos de estar, tão suscetíveis, tão carentes, tão fragilizados, mas fazendo uma cara de paisagem, como dizem, só mostrarmos que não estamos nem aí para os acontecimentos que estão nos atingindo, mas estão, tão presentes como essa xicara de café que eu gostaria que fosse você o açúcar para adoçá-lo, mas o medo da alta taxa de glicose, não me deixa tranquilo. Gostaria, ah! Como eu gostaria que apenas uma pitada de sal pudesse confundir meu paladar, para que eu pudesse ter parâmetros para saber escolher entre o doce e o salgado. Mas é engraçado como a vida nos serve a xícara com o pires alvo, com a pequena colher a espera de ser usada para dar uma mexida na nossa vida, no próximo café a ser saboreado, sem medo de ficar escolhendo a procedência dos grãos que fizeram aquele pó de café e que está prestes a ser engolido de maneira tão delicado, para ser saboreado ate o final da xícara e no final. Você percebeu que estou falando tanto em café, nem eu mesmo eu sei por que. Acho que é porque uma xícara de café é o inicio de uma conversa, um pretexto para que eu fique mais próximo de você, ser gentil quando você me pedir o açucareiro e eu imediatamente atende-la e ficar contente por você ter feito esse pedido, viu como o café aproxima as pessoas? No momento estou rindo dessas particularidades, uma coisa tão simples. Então, como eu estava te falando, gostaria muito que fosse você, isso será covardia ou muita precaução?, dizem que um homem prevenido vale por dois, mas estou me sentindo só meio homem nesse momento. É a cara de paisagem que está sentindo os efeitos do clima que está acima da minha cabeça, deixando em estão de atenção, tentando procurar na bolsa uma capa, ou algo parecido, ou mesmo a vontade de sair correndo, sair da zona de desconforto e conseguir respirar, covardemente concordo, mas respirar. Nem que isso amanhã vá me deixar puto da vida.

Agora eu te pergunto, é você...?

Di Camargo, 04/05/2013