"Encontro na praça" ost Lisy Telles

Andanças de uma menina III

Andanças de uma menina III

Em suas andanças de menina, ela se deixou levar por sonhos... E quase sem sentir, tamanho seu envolvimento com a dança, amadureceu seus passos e sua expectativa quanto o desenrolar da festa.
No meio da dança, perdeu o compasso e num descompasso, foi ao chão.
Já então: Não era uma menina.
Começou a enxergar além do que via e ouvia.
Percebeu que a realidade era duvidosa, e a verdade, relativa.
Que os sonhos, assim como a festa, não passavam de ilusão; combustível que a alma necessita para conviver com o peso da realidade.
Desiludida, ela quase parou de dançar..
Já não queria saber da festa e suas considerações.
.
Indagou pelo Dono da festa...
E nessa procura reencontrou: músicos, pintores, poetas, que falavam da natureza e de sentimentos que iam além da fria realidade, repleta de imprevistos...

Solitária, a menina questionou:
O que é real?... Será o que os sentidos me mostram, ou o que dispensa explicação?

A melodia triste inunda o salão
A poesia clareia o que chega sem luz.
A festa demonstra:
A dança sofrida pode ter poesia.

Atônita, a velha menina se deixa levar por uma melodia de Bach que se espalha no ar, penetra em seu intimo, eleva sua alma, abranda sua dor e a transporta a uma realidade que foge ao entendimento humano.
E nessa magia: encontra leveza, serenidade, amor, paixão; energias que iluminam a festa e lhe possibilita a deslumbrante experiência de pensar.

E a senhora, que um dia foi menina, entendeu que mesmo sem conseguir dançar em todo esplendor, poderia seguir o compasso em suave andamento, e assim: Aproveitar a festa até que o portão se abrisse e ela fosse convidada a retornar ao infinito onde fará parte  da divina melodia.










Lisyt
Enviado por Lisyt em 12/05/2013
Reeditado em 12/05/2013
Código do texto: T4287356
Classificação de conteúdo: seguro