...insônia...

Abre-me os braços a noite, sem urgência e sem chance de escolhas, abarca meus braços, sobe pelos meus ombros e passeia nos meus poros, como se procurasse uma marca , um sinal que estabeleça entre nós uma comunhão, uma lembrança da sua estada em mim, no dia de ontem.

Meneio os quadris, jogo as pernas no descanso do leito, entre as colchas e lençóis de linho, perfumados,mergulho meu rosto sonado no

travesseiro das ilusões confusas.

Mais uma noite para guardar sonhos cansados de esperar. Mais uma noite para recolher cacos e remendar ilusões...

No refúgio das horas quietas, o tic tac inquieto marca o compasso da insônia repetida, lá se vão os ponteiros avançando lentamente, rasgando as horas eternas da solidão desenhada a cada nova estação.

As promessas que morreram acompanhadas pelo dia tímido, vão dar lugar às esperanças novas quando a noite se for outra vez, e outra vez adormecerão nas horas enquanto eu me impaciento na espera.

Quisera romper a madrugada em cânticos tantos, até que não mais suportando fechasse a lira e adormecesse por horas intermináveis.

Talvez nada disso seja real, talvez nenhuma emoção me espere no meu leito, porque talvez eu nem chegue até ele, talvez eu tombe em meio o caminho, liberta do dia.

Sempre que a noite me convida, titubeio, mas aceito nela confundir os meus passos, esquecer os meus recatos e mergulhar nas suas entranhas vivas.

Que seja!

Lá vou eu, pronta para mais algumas horas de inteiro encantamento, deixar rolar a alegria esquecida do dia e viver a magia do momento, sem recusas, sem falas confusas...só o silêncio dos meus pensamentos...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 16/08/2005
Reeditado em 22/02/2011
Código do texto: T42875
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