LAGO AZUL
Às margens do pequeno lago anseio por tua chegada,
Nosso onírico encontro de amor será aqui eternizado.
Vejo-te ao longe e meu coração acelera,
Doce anjo de linda face,
Teu amor, de braços abertos, te espera.
Águas cristalinas refletem a luz do sol,
Cisnes deslizam num balé de perfeita harmonia.
Garças e gaivotas se alimentam a nossa volta,
Peixes coloridos pulam em euforia.
O canto dos pássaros é nossa trilha sonora,
O perfume das flores nos inebria e encanta.
Felicidade e magia vieram com o vento,
Com esmero, fiz uma cesta para o nosso momento.
Fui enviado ao paraíso quando senti teu cheiro,
Toquei tua sedosa pele e provei o doce mel dos teus lábios.
Entre beijos e afagos, uvas, morangos e vinhos
Recitei versos para ti, cantei o amor com poesia.
Drumond, Vinícius, Pessoa e Baudelaire,
Embriagados de vinho, poesia e paixão ficamos.
As mesmas águas de cristal que lavaram nossos corpos nus,
Enfeitiçaram e entrelaçaram nossas almas para a eternidade.
Gotas de lágrimas caíram dos nossos olhos,
Deitados nos amamos, e sem querer, choramos.
O céu testemunhou,
Querubins e Serafins tiraram nosso retrato.
Meu amor e eu, no crepúsculo,
Às margens do sublime lago azul.
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Embriagai-vos
É necessário estar sempre bêbado.
Tudo reduz a isso, eis o único problema.
Para não sentirdes o fardo horrível do tempo,
que vos abate e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem tréguas.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude,
como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, sobre os degraus de um palácio,
sobre a verde relva de um fosso,
ou na desolada solidão do vosso quarto,
despertardes com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,
perguntai ao vento, à vaga, e a estrela e o pássaro
e o relógio hão de vos responder:
– É hora de embriagai-vos!
Para não serdes os martirizados escravos do tempo,
embriagai-vos; embriagai-vos, sem cessar!
De vinho, de poesia, ou de virtude,
como achardes melhor.
(Charles Baudelaire)
(Imagem: Internet)