Houve um tempo, não muito longe, que as palavras brotavam na minha cabeça como ramas de videira... E, cresciam, cresciam... Exigindo que eu as colocasse na terra para que vingassem.
                 Houve um tempo, não muito longe, que as lágrimas inundavam meus olhos com tanta força que nenhum regato era grande o suficiente para abrigá-las.
               Houve um tempo, não muito longe que me acreditava imortal, tamanha a minha sede de viver.
               Houve um tempo, não muito longe que me sentia, ora pequena, ora gigantesca, nunca entendendo meu real tamanho.
               Houve um tempo, não muito longe, que me entendí uma benedita e me via multicor a cobrir os terrenos baldios de minha João Pessoa.
               Houve um tempo, não muito longe, que ousei poetar com Mozart com tanta intimidade que quase o toquei.
               Houve um tempo, não muito longe, que desconhecia a serenidade das planícies, já que em meu peito morava uma alma cigana que não me deixava aquietar.
              Houve um tempo, não muito longe, que fui a musa do Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa e me vi escrita pelo poeta Jomar Souto.
             Há um tempo presente que resgatei tudo que vivi já que palavras não morrem, lágrimas ainda entopem meus olhos, meu coração está apaixonado, o que me faz sentir grande, imortal, com jeito de flor, com mil poemas na cabeça, alma quieta e só agora sei o quanto sou feliz.