Breve historia da psicologia (pelo viés da filosofia)

Há milhares de anos atrás, desde que o Homem se percebeu como um ser pensante, inserido em um complexo que chamou de Natureza, vem buscando respostas para suas dúvidas e fatos que comprovem e expliquem a origem, as causas e as transformações do mundo. Não obstante, o comportamento e a conduta humana são assuntos que sempre nos fascinou e estão registrados historicamente ao longo desses anos. Isso faz com que a Psicologia seja uma das mais antigas e uma das mais novas disciplinas acadêmicas, criando assim esse paradoxo. Por muito tempo se buscou explicações para as questões naturais e humanas através de Personagens Mitológicos. Para os Gregos, os Mitos eram narrativas sagradas sobre a origem de tudo. Eram tudo em que acreditavam como verdadeiro. Os poetas-videntes, que narravam os Mitos, possuíam uma autoridade mística sobre os demais, pois eram "escolhidos dos deuses" que lhe mostravam os acontecimentos passados através de revelações e sonhos, para que esses fossem transmitidos aos ouvintes. Com o passar do tempo a Mitologia parecia não satisfazer mais, pois notava-se insuficientemente eficaz para a quantidade cada vez maior de questões. Nas dobras do século IV depois de Cristo, nasce a Filosofia (Amizade pelo Saber, Amor ao Belo) e define uma forma característica de pensar (pensamento racional), com ela vários filósofos se destacaram, cada um com sua forma particular de pensar e buscar a sabedoria. Através da Filosofia Grega nos foi possível conhecer as bases e os princípios fundamentais de conceitos como razão, racionalidade, ética, política, técnica, arte, física, pedagogia, cirurgia, cronologia e, principalmente o conceito de ciência.

Entre os filósofos gregos temos Pitágoras que dizia que a completa sabedoria pertencia somente aos deuses, mas que era possível apreciá-la, amá-la e com isso, obtê-la. Dizia que a natureza é formada por um sistema de relações ou de proporções matemáticas, de tal modo que essas combinações aparecem para nossos órgãos dos sentidos sob a forma de qualidades dualísticas. Parmênides, por sua vez, dizia que para chegarmos à verdade não podemos confiar nos dados empíricos, temos que recorrer à razão. Nada pode mudar, só existe o ser imutável, eterno e único, em oposição ao não ser. Temos de ignorar os sentidos e examinar as coisas com a força do pensamento. O que está fora do ser não é o ser, é nada, o ser é um. Já Heráclito tinha ideias contrárias às de Parmênides e é considerado o mais importante dos pré-socráticos. Para ele “Tudo flui, o logos é o princípio cósmico. Não entramos no mesmo rio duas vezes. A verdade se encontra no DEVIR e não no ser. A Alma não tem limites, pois seu logos é profundo e aumenta gradativamente. O pensamento humano participa e é parte do pensamento universal. Deus se manifesta na natureza e é crivado de opostos. A terra cria tudo e tudo volta para ela”. Esses e muitos outros filósofos, que são chamados de pré-socráticos, contribuíram para o rompimento com uma visão mítica e religiosa que se tinha até então da natureza e a partir disso foi adotado uma forma científica e racional de pensar. Sócrates é considerado um "divisor de águas" na Filosofia. Sócrates era analfabeto e usava um método todo próprio, chamado de Maiêutica = trazer à Luz - fazer Parir. Através de perguntas feitas às pessoas ele as fazia "parirem suas próprias ideias" sobre as coisas. Comparava sua técnica, a qual acreditava estar ajudando a existência humana à aperfeiçoar seu espírito, com a atividade de sua mãe, que era parteira. Para Sócrates as etapas do saber são quatro: Ignorar sua Ignorância, Conhecer sua Ignorância, Ignorar seu Saber e Conhecer seu Saber. Depois de Sócrates temos filósofos cujas ideias são de extrema importância para que a Psicologia desde o século V a.C.: Platão, Aristóteles e outros se preocupavam com problemas que hoje cabe aos Psicólogos tentarem explicar tais como a memória, a aprendizagem, a percepção, a motivação, os sonhos e principalmente o comportamento. (os itens sublinhados serão objeto da proposta para RTBA)

Com os avanços da Física e de novas tecnologias os métodos e as descobertas da ciência cresciam vertiginosamente. Assim, os mesmos eficazes métodos experimentais e quantitativos, utilizados para revelar os segredos do universo físico, podiam ser aplicados na exploração e previsão dos processos e condutas humanas. Nesse período Renée Descartes se destacou por contribuir diretamente para a história da Psicologia Moderna libertando-nos dos dogmas teológicos e tradicionais rígidos que dominaram desde a época Aristotélica e sua maior contribuição foi resolver o problema corpo-mente: Qual é a relação entre mente e corpo ?

Dentre os empiristas britânicos e suas principais contribuições para a Psicologia temos John Locke, cujo ensaio Acerca do Entendimento Humano, defendia que a mente é uma “tábua rasa” ou seja, a pessoa nasce com a mente vazia e todo conhecimento é obtido através das experiências que são fundamentadas nos sentidos. Weber foi mais além realizando pesquisas das sensações cutâneas e musculares, mas sua principal contribuição para a Psicologia foi seu trabalho designado de Limiar de Dois Pontos, que consistiu em se determinar a distância em que dois pontos de estimulação na pele pudessem ser discriminados como somente um ponto ou dois distintos de estimulação. Liderado por John Watson (1878 - 1958) o Behaviorismo tinha a proposta de fazer da Psicologia uma ciência respeitável como as ciências naturais e isso só seria possível se os psicólogos utilizassem como objeto de estudos o comportamento observável, que pode ser mensurado, e métodos objetivos, pois os processos mentais pouco importavam, por não serem passíveis de mensuração e, até hoje, o estudo do comportamento humano exerce grande influência na Psicologia Moderna. O estudo dos comportamentos controlados em laboratórios, dos animais. Enquanto isso, na Alemanha, crescia a Psicologia da Gestalt que significa forma, estrutura. Tanto o Behaviorismo norte-americano, como a Psicologia da Gestalt alemã, surgiram, em parte, como protesto, baseado nas críticas ao estruturalismo, mas a psicologia da Gestalt, no lugar de criticar o objeto de estudo, que no caso era a mente, vem para criticar o método utilizado até então, que era o da introspecção e de certa forma, critica também o reducionismo praticado pelos behavioristas. Com isso, pela primeira vez, foi demonstrado que "O todo é mais que a soma das partes". Paralelamente na Europa surgia um novo movimento chamado de Teoria Psicanalítica, do qual Sigmund Freud foi seu precursor.

O trabalho do psicanalista é reconhecer que o sujeito não se reduz apenas ao concreto, ao palpável, não é uma máquina , respondendo de forma mecânica e lógica aos estímulos externos, mas que existe algo interno além do racional, do lógico, do temporal que comanda e rege muitas vezes a nossa vida, os nossos atos, emoções, fala, relações e inclusive doenças, que é inconsciente.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 27/05/2013
Reeditado em 20/11/2019
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