Recolho meus versos de ontem, esquecidos em algum lugar. Sons de ednardos e belchiores, meus panfletos, meus rascunhos, lembranças de sonhos e futuros. Minhas iras inexplicáveis, meus silêncios. Como desejei, como busquei, como me considerei incerto, como forcei a roda do tempo, para que girasse mais e mais rapidamente.
Ansiei por tudo. Eu me entreguei a um amanhã, que não chegava. Imaginando-o tão grande, encurtei os meus caminhos. Andei pensativo, em silêncio. Por que não falei mais? Meus medos, meu recatado mundo. Resguardei-me tanto. Por que não me arrisquei? Por que não sorri e chorei mais? Por que não amei mais?
Velhas ruas, prédios, personagens, cenas congeladas são apenas imagens silenciosas. Coleciono todas as fotos do meu tempo. Resgatando aquela poesia, a melodia, o romantismo, a revolta involuntária, tento refazer-me deste sentir melancólico. Tento juntar os pedaços. Faces do bem e do mal, fantasia, paixão, medo, angústia. Tarefa inglória. São meros retalhos. Em novos versos, reaprendo-me tão desentendido. 
Aluísio Azevedo Júnior
Enviado por Aluísio Azevedo Júnior em 23/06/2013
Reeditado em 08/09/2013
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