O Amor
O Amor
Tem amor que nasce sob sol e entre lençóis, processando suas descobertas sem delicadeza e procura entre os corpos as formas de laços, enforcando os nós.
Amor em versos é só retaliação. É uma tentativa, já morta, de prosa. Vira poesia e voa. A poesia tem asas. O amor, também.
Nota-se certo egoísmo na boca quando se reclama a falta. O amor, em sua falta, é egoísta. Ele aproxima bocas transformando-as em beijos tácitos.
O amor, talvez sejam promessas ditas entre olhares, sem nenhuma palavra pronunciada. Promessas nascidas do desejo e do bem querer. Do incitar aqueles tantos sorrisos que enfeitam as ruas por onde outro passa, mesmo que você não esteja por lá.
No amor, percebe-se uma exímia entrega despretensiosa que cria asas, voando céus findos, colorindo montanhas e mares. Guardando segredos entre as mãos e abraços. É um depois em desacordo com o tempo, porque se esquece das horas.
É, talvez, dormir e enxergar tua face, feito luz, brindando sonhos antes tão sós.
É salivar o teu gosto de cor.
É soltar para que outro salte além daquilo que sempre foi. É tentar, atentar e desbravar territórios desconhecidos em cada pedaço teu.
É engolir o medo e vomitar coragem pra te deixar ir, se a felicidade for uma estrada que eu não soube chegar.
O amor não habilita e nem credencia poetas. Ele faz nascer, entre os “nós”, fragmentos de poemas. Poemas, que somos nós.
Débora Andrade