O FAVOR PARA ELA

Um benefício quase tão imediato quanto o de quem lava as mãos para depurá-las, foi o que sentiu quando ele a deixou. Não fazia ideia de como reagiria a isso, mas jamais apostaria que seria assim, tão bem. Nos dois primeiros dias: o baque. No terceiro: a saudade. No quarto e no quinto: o desabafo com as amigas. E depois disso: decisão. A sensação de brisa na cara veio quando perguntou a si mesma e se respondeu melhor que antes. Fato meio insólito para uma mulher romântica e idealizadora, mas foi o que ocorreu.

Foi raro se ver mais bem amada sozinha que acompanhada. Tipo de experiência ímpar na vida. E logo quando todas buscam fazer "tudo certo" pra manter o homem ao seu lado, seu receio único era o de feri-lo ao terminar. Então, por comodismo e indolência , cuidava como podia. E por gostar de cuidar, mantinha. Por fé em dias melhores, quiçá.

Enfim, ele fez o que ela não teve coragem: decidiu por ambos o que ela,secretamente, queria. Melhor foi que ele o tivesse feito. Ela não tem essa vaidade de ser aquela que "dá o fora" em alguém. E, nesse caso, seria como abandonar um filho, que ela se sentiu no dever de cuidar enquanto vivesse e sofrer como mulher carente e mal amada por ele na mesma proporção. Por orgulho. Pela sociedade.

Juliana Santiago
Enviado por Juliana Santiago em 26/06/2013
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