Era dourada a luz que tocava meu braço e envolvia a pele sempre que pegava aquela folha de papel. Linhas e mais linhas eram sendo escritas com olhos afoitos e sedentos de palavras.

Já não me lembro ao certo quantas angústias e solidões depositei em cada uma delas, na esperança de que as lesse e seus olhos arrancassem todas as dores de minha alma. Na verdade meus anseios iam mais além...
Não conseguia entender como poderiam existir tantos mundos sob um mesmo firmamento... Tanta carência em meio a tanto sentimento...
Queria transcender distâncias, sobrevoar fronteiras, confundir as mãos, confundir as asas!
 
Passei a fugir dos raios que me invadiam de ilusões, que traziam tantos quereres. Ainda assim, tudo, o tempo todo, trazia-te embrulhado em folhas ao vento, qual cheiro de livros repletos de séculos de amores eternos, repleto de toda luz que minhas vagas arfavam...
... Deixei-me n'algum canto, sem o porta-retrato e os versos grafados a ferro e fogo em meus pensamentos.

 
Não sei o quanto desaguei até chegar aqui, quantas floradas das laranjeiras eu perdi fechando os olhos para o horizonte...

Ahhh... Teria sido tão mais doce o caminho, se eu tivesse espargido todos os abraços sobre aquelas folhas, sem linhas e sem medos, caiadas de beijos, e colos, e sonhos que em meu peito guardei. Quão bom teria sido se essas cartas tivessem te chegado sem rascunhos de mim. E tivessem te levado apenas as palavras que minha alma incessantemente cantava quando lembrava de teu sorriso... simples assim... qual sussurro de poesia em uma sinfonia de amor...



Quando tudo o que eu queria escrever era somente - Eu amo você - 






Denise Matos
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 02/07/2013
Reeditado em 20/07/2013
Código do texto: T4368380
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