Enganei-me

Enganei-me ao pensar, que poderia ver-te,

Que eras seio do mar, e não ensejo,

De certo que teria em mim ao ter-te

E fiz amor da fábula, por tanto desejo

esquivei-me, negando ter saudade

Mas saudade como fonte que jamais cessa

Brotou-me, desnudo, fizera de mim verdade

E por entre as frestas do ser vaguei

Procurando um lugar só, aparente

Encontrei-me ao chão, dado onde não desejei

Estar, desde então, longas são as falas, na mente

Espatifadas por entre as folhas,

em pingos por entre os olhos

Em mágoa por entre os dedos...

Enganei-me, sobremaneira ao pensar

Ao dar-me a um suposto” ser” que não era,

Deixou-me cá, como sempre estive a ser

Só, sofrendo, novamente miragem, na espera...

Então sem forças, se recomeça a jornada

Ainda assim se escreve, em pranto, em folha molhada.

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 05/04/2007
Reeditado em 05/04/2007
Código do texto: T438929