O repouso das estrelas

Estava frio. Não lembrara se ventava ou se haviam sorrisos. Parecia haver um deserto na palma da mão. Parecia haver violetas quando se aproxima. Os raios solares davam as primeiras manifestações de sono com aquela elegância que consegue ser puro e sensual ao mesmo tempo. Os cabelos estavam impecáveis em uma dose de vinho tinto. Para um lado ou para outro, disfarces e suspiros discretos. Não pode dividir a poesia por regiões, é necessário que esteja no corpo inteiro, principalmente nas zonas erógenas. Mas estava provavelmente tão frio! Oh, um flash! Era apenas um vento, nada mais. Os ventos vieram de tão longe, devem estar cansados, se ao menos estivesse no lar, abraçaria os seus inúmeros fígados. Na capa constam dois estômagos, vermelhos e pequenos, mas talvez haja algum outro ou alguma pétala que se abre aos poucos. Era um tempo curto e saudosista que deixou suspiros. Foi semelhante ao álcool: prazeroso, mas queria mais. Amanhã sentistes que beijáveis? Parecia, como parecia uma pausa no destino. Uma régua no oceano que de tão pequeno não cabia os sentimentos. Podia ser o final de uma odisseia. Podia ser tantas coisas. Podia ser também mais um pouco. Podia ser também um pouco mais.

Ventava nas brisas dos rochedos. Muitos pássaros dançando a fuga do frio. É lá que estava o brasão do tapete mágico. Recorda-se da maravilhosa sensação de transfigurar as cores para outro planeta que talvez complete a existência que jamais sentiu em uma incrível azeitona? De que te serves a obsessão, se o presente não é um magnífico vômito? É estória.

Uma borboleta. Não estava confusa. Sabia. Voava. Caminhava junto com. Cantava. Encantava. O encantava. Se encantava. Mas a borboleta tinha as asas lindas. Eram várias cores. Vermelho. Azul. Verde. Magenta. Bordô. Violeta. Suas asas evocavam a alquimia das cores. A borboleta. Era. Naquele momento uma obra de arte. Se a tocasse, iria afastá-la. Observação. Era uma arte precisa. As formas, as cores, os conteúdos que palpitavam todos as faces. São emoções suscitadas com a pintura que só uma Lira pode dizer. A borboleta passou. Voou. Mas as perfurações concentradas permaneceram e foi interessante que um cometa subiu ao céu para assistir alguma coisa.

Um grito! Dois gritos! Os gritos não estavam no último volume das caixas de som de gelo. Fechou a blusa tão mimada. Foi uma surpresa. A maior surpresa, essa do tamanho de um iceberg multicor de escarlate simpático, foi com a dança dos cabelos sedosos enquanto olhava – talvez – com um sorriso imenso! O coração explodiu dentro daquele sorriso trismegisto. E foi assim o prenúncio da louca letargia de astrolábio, cujo eletromagnetismo suspira.

Rodrigo Fernandes Ferreira Brito
Enviado por Rodrigo Fernandes Ferreira Brito em 27/07/2013
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