Uma Nova Faxina

É domingo, pé de cachimbo. Preciso de uma limpeza. Não uma limpeza comum. Preciso limpar minha alma. É sim apenas mais uma dessas faxinas, mas absolutamente necessária.

O telefone não toca, e tudo parece ainda mais desorganizado do que está. Livros e Cd´s sobre a mesa, o edredon embolado sobre a cama. Resquícios do que seria uma noite mal-dormida. Mas dormi. Não sei se o sono, o cansaço de um todo um dia divertido de trabalho, ou mesmo a vontade de me afastar dessa realidade triste e sem graça. O fato é que eu durmi. Durmi a noite inteira, e não queria ter acordado.

Agora que acordei, só me resta tentar me livrar de toda essa bagunça, mental e material em que me encontro. Guardar uns cd´s sobre uma pilha escondida no fundo da gaveta. Quem sabe não ganhar novos? Pegar os livros já lidos e relidos e esconder. Reler os há muito esquecidos.

Arrumar a cama, tirar poeira da saudade. Mas o que fazer com o Amor que me olha incessantemente da parede? Retirá-lo? Colocar no chão o meu amor, que muitas vezes me levou ao céu? Não sei. Não sei se ele merece o lugar de destaque que um dia dei a ele. Que na verdade, até agora, olhando fixamente para ele, ainda dou.

Meu trabalho sobre a mesa, esperando pra receber um pouco da atenção que o Sol e a Terra me tiram. A música não anima o ambiente. Deixa-o na mais sublime das melancolias. E não ouço o trim-trim. E não ouço. Tenho vontade de desligar a bateria e sumir. Mas me dóoi. Dói não querer acreditar em minha própria realidade. Uma realidade que tinha tudo, absolutamente tudo para não ser assim. Trim-trim.

Meg Casarin
Enviado por Meg Casarin em 21/08/2005
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