Zezinho Quer Ser Igual a Todo Mundo
Zezinho vivia na favela
Sentia-se injustiçado
Não pelo grandioso Deus
Pois isto era coisa do Diabo
Por isto tornou-se crente
Para Deus abençoar
Pois ele só ajuda
A quem vive a rezar
O pobre Zezinho
Ainda adolescente
Queria ser igual a todos
Queria ser gente
Queria ter tudo
Que via na TV
Queria ser igual
Queria ter
Sem duvida Zezinho
Fora injustiçado
A maior das injustiças:
Não foi educado
Tornou-se tão ignorante
Como qualquer doutor
Que na faculdade aprendeu
A se tornar um robô
Assim Zezinho cresceu
Numa mascarada ditadura
Achava que o popular
Era sua cultura
Convencido pela mídia
E seus demagogos
Pseudos idealistas que dizem:
“É o poder do povo”
Vivia sonhando
Em astro se tornar
Formou uma bandinha de pagode
E começou a cantar
Com baladinhas românticas
E uma boa religião
Logo se tornou sensação
Da rede de TV do Pastor João
Do chiqueiro telezivo
Ao esgoto radiofônico
O tolo Zezinho
Tornou-se um fenômeno
É o cara perfeito
Para o bem da estrutura
Sem opinião
Sem cultura
Com uma limusine
Ele entrava na favela
Dizendo ir realizar
O sonho de Cinderela
Mostrando que com a fé
Tudo é possível
Até chegar o ponto
De trabalhar com o bispo
Assim segue Zezinho
Ele é bom de verdade
Ele é só vitima
Desta alienante sociedade
Um pobre boneco
Refém da falsa educação
Como poderia Zezinho
Ter alguma opinião.