Tinta salgada

Quisera ter o dom de transformar em tinta e papel o sentimento que de verdade sinto.

Usaria canetas e mais canetas de tinta vermelha para sangrar a dor que paralisa minha alma.

Usaria tinta preta para enlutar aquilo que em mim morreu.

Usaria tinta azul, pra chegar a Deus minhas orações.

A tinta que uso agora, não tem cor, mas tem gosto de sal.

Ela sai dos meus olhos e dessalga meus sentimentos, minha solidão.

A tinta que uso agora, não tem cor.

Ela é da cor do silêncio que vela mentiras e verdades.

Ela passa pelo papel e o deixa em branco.

Folhas e mais folhas em branco.

Uma pausa silenciosa nas palavras e nos sentimentos.

Uma pausa e um vão.

Essa tinta não escreve palavras, mas marca o papel.

E cada página é um dia que me afasta do melhor de mim, de nós e de algo que um dia valeu a pena.

Alessandra Coutinho

Alessandra Coutinho
Enviado por Alessandra Coutinho em 03/08/2013
Código do texto: T4417398
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