O velho

As estrelas na ponta do cigarro ainda ardiam, enquanto o sono chegava e seus dedos afrouxavam o esforço de seu vício.

A TV ligada não era a companhia ideal, repetindo sempre as mesmas palavras, dizendo que só se é legal se comprar isso ou aquilo.

O jornal de hoje, de ontem e de antes de ontem cobrem o chão onde se acumulam resíduos antigos, e restos de insetos mortos.

Da janela espiava a lua curiosa e crua, numa noite fria...

Assustou-se com pequenas brasas, puxou o cigarro novamente para os lábios e deu mais uma tragada, enchendo o velho pulmão de nicotina e espasmos, repensou velhos começos, sorriu-se da solidão que o abraçava todas as noites.

- Estou velho! Falou em voz alta, como se a velhice justificasse todas as novas falhas, entre risos e lembranças adormeceu novamente, deixando seu único amigo encostado ao lado de seu travesseiro.

Amigo de ideias acesas, o fez virar sol, um sol aceso, incendiário naquela ultima noite fria.

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 22/08/2013
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