Balada do Tempo... por um coração solitário
Em dias quentes de juventude
qual arvore viçosa abraça o céu em um único abraço
acolhestes no peito amores, paixões, todas as dores
sem de nenhuma delas fugir...
fracassos, transmutastes em trampolins para a vitória.
No outono, seduzida pelas falsas luzes do asfalto
confrontastes o existir à alienação de teus anos dourados
viveste sem viver, sentir, amar
a voz impessoal do mundo revelou teu espelho d’alma.
E no solstício do rigoro inverno a acoitar teus dias
faixas escuras a apertar teu coração
lamentas a desolada solidão
nenhum amor para chamar de teu.
Queres retroceder...
Vestir o coração de doce amor
peito aberto, na chuva lavar a profundidade de tuas dores
replantar teu jardim e redecorar tua alma.
Mas, não podes. Teu tempo acabou. Tudo levou.
Nem pores de sol, mar, lua, nem suave brisa.
Ah, esse tempo! Foice implacável?
E quando teu corpo, agora gelado, desce à sepultura, sorris.
Já não há mais vazios, silêncios, nem dores.
Não há morte.
Arcanjo ou nuvem
voas nas asas da luz para além das estrelas
embalada nas notas musicais dos ventos da liberdade.
Música de fundo: Summer Wind - Giovanni Marradi
(*)Imagens: Google