Poesia triste



Na poesia, te abraço com os braços
De meus versos enlouquecidos
No diáfano desses meus versos,
Trespasso teu corpo imaterial
No insucesso desse enlace prometido.

Minha métrica te mede de cima abaixo
Sem a exatidão das medidas...
E a vida tinge de cinza sua avenida
Num cortejo de despedida da paixão.
Imponente, o silêncio fala e acusa
E eu te rimo com presságio e ilusão...

Com a desculpa da solidão a dois
Do amor glacial servido frio e cru
Nos restos da noite antes de dormir
Quando as palavras entrecortadas pelo sono
Acompanhadas do sonho
 de nossas fomes
Das fatias dos predicativos que me serves

Perco-me na impressão dos sentidos
E nos ouvidos no obscuro da emoção
Ressoam ecos e rimas...
Deito quase resignada
No tapete desse apelo
Esperando que num gesto, me alise os pelos
E demonstre que teu querer lascivo
Por mim 'inda se inflama.

Ao pé da cama, ao pé da esperança
Deixo aquele beijo ansiado pra depois
A palavra de amor emudecida no beiral d'alma
Que, de calada com a expropriação do amor
Sente o desejo perdendo o brilho
Na ofuscante luz do ressentimento...

Vertem-me nos olhos orvalho de saudade
Rolam-me aos lábios sinestesias incolores
E os cacos dos anseios escrevem na carne
Descoberta, dolorida, nua
Uma ode ao lamento, uma catarse
Uma poesia triste e desiludida...



N.A.: Nada pessoal, apenas inspiração poética.
 
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 31/08/2013
Reeditado em 01/09/2013
Código do texto: T4459906
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