Fios de Sonhos
 
 
Aprendi com a poesia que tudo aquilo que cabe dentro de nossa esperança é possível, portanto, continuo acreditando em muitas coisas, apesar de e mesmo que a realidade, a todo instante, contrarie minha esperança mostrando que os vestígios de humanidade parecem ser coisa do passado ou, quem sabe, do futuro.
 
As chagas sociais, como uma espécie de doença da qual não podemos escapar, continuam sagrando, derramando sobre nós o sangue do confronto entre a utopia e a frustração de sermos fruto de um passado demasiadamente pesado e um presente desconcertante que parece nos condenar a um futuro de solidão.
 
O medo e o isolamento não medem apenas a nossa solidão, mas nossa incapacidade de ultrapassar a barreira que nos separa do outro, nossa inabilidade de ser o outro. Uma solidão que (não) se dilui nas multidões solitárias. Nunca estivemos tão conectados, interligados e solitários!
 
A verdade é que estamos demasiadamente juntos, mas nunca estivemos tão distantes. Se considerarmos que estar próximos é deixar que nossas almas se toquem, podemos afirmar que nunca houve tanta ruas desertas povoadas de pessoas que não se olham, não se cumprimentam, não se reconhecem em outros rostos...
 
Precisamos reinventar o tempo que nos foi dado viver... Buscar um atalho que nos livre das tempestades do medo, que nos devolva o arrepio na espinha diante de nossa alma irmã. Que nos leve até o cais onde aporta o barco que nos levará ao sonhado mundo da equidade social, lá onde habita a sabedoria dos monges, a serenidade dos bons...
 
Que nos devolva a paz das montanhas que embelezam nossa paisagem interior. Que devolva nossa bagagem cheia esperança e possamos caminhar, mais uma vez, com asas nos pés, sobrevoando nuvens de sonhos, deixando um rastro de amizade e esperança nas encruzilhadas por onde passarmos.
 
Apesar do horizonte, muitas vezes, desenhar sombrias linhas de desencanto continuo aqui, na torcida por um mundo mais fraterno, mais humano e solidário onde possamos nos “segurar em fios de sonhos e acordar todas as vidas adormecidas*”... 
 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Na Torcida
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 30/09/2013
Reeditado em 24/09/2015
Código do texto: T4504687
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