Equivalência.
Admito-me a ser o elemento dos vocábulos que escrevo,
Pois sou os ambientes que frequento e os seres que venero,
Os discursos que improviso, as mensagens que transcrevo,
As lembranças que habitei e as aspirações do sonho que espero,
Sou parte nas pessoas que conheci, os enigmas que brinquei,
Os episódios que desvendei nos tantos exemplos que aprendi,
As amostras abluídas dos indivíduos que no caminho encontrei,
As evidências dos que permaneceram nas recordações de guri,
Eu sou a timidez e aspiração, a consolação e atitude que senti,
Os acordos que registrei, o sorriso que abri e o beijo que dei,
O acontecimento em correspondência e aquilo que escolhi.
O pingo que se precipitou nas copas das árvores que plantei,
Constituo-me dos meus acertos, cada desculpa que soube dar,
Cada vocábulo que pensei em todo e qualquer investimento obtido,
Todo sentimento ajuizado, cada vínculo que designei a abonar,
O juramento preenchido, o fato passado, a verdade do ocorrido,
Eu sou as obras que apresento e as mãos que a outras se abrem,
A boca que jamais silencia por mudanças, os desígnios que abalizo,
As transformações que opero e a certeza que levo e todos sabem,
Eu sou o viço e velhice que apresento na própria sina que organizo!