Reflexão vazia

Me dei conta de repente que hoje não olhei o sol, não vi o céu azul, nem um canto de pássaro, nem uma brisa senti na minha pele. Ouvi barulhos de máquinas, burburinhos, fofocas. Não parei nem pra um, nem pra outro, continuei andando e olhando sempre pra frente, não encontrei quem eu queria, mas também nem sei onde encontrar. Sem querer, cochilei sem pensar em nada. Uma rotina desgraçada, de tantos anos que não apagam as redundâncias do dia após dia.

A hora de começar? Agora. Já é o fim do dia, digo, noite, e eu nem quero saber de ir pra cama pensando que perdi mais uma jornada diária. Nessas horas acho até que deus deu uma erradinha na programação, o fim é o início, o início começa com o fim. Tudo embolado com essa vida tão cheia de tudo pra fazer. Ninguém medita, ninguém se encontra, há pouco tempo para os olhares, abraços? Nem sei como, beijinhos? Só os de etiqueta, risadas? Só as polidas, gargalhadas? ouve-se ao longe, nas periferias da zona rural onde o cheiro da terra ainda não foi contaminado pelo óleo.

Afinal, nem era pra tá escrevendo a essa hora, pois tô completamente desinspirado, com sono e cacarejando besteiras. Boa noite e que uma vida descontinuada inicie ao amanhecer.