Ponta de Faca
Peixeira rasgante, sem cerimônia.
Goela abaixo, até o final da barriga.
Sai pus, sai mágoa, sai sofrimento.
Sai sangue, sai tripa, sai tudo.
Espeta por gostar, esmaga por imaginar
Que o poder de seu metal
É maior que a força do meu falar.
Lâmina afiada
Não se pode nem triscar.
Se juízo o peixe ainda tivesse
Nem perto de ti passaria.
Pois só de se mostrar pra você
Adeus equilíbrio, adeus parceria.
Palavras bem colocadas
Tiradas do dicionário
Anos de estudo a fio
Palavras são meras palavras.
A faca desce cortando
Respeito, amizade e entendimento.
Não adianta buscar socorro.
Apenas o umbigo é o seu templo.
Ponta de faca não pensa.
Quem pensa é o seu dono.
Quem sabe se ela mesma pensasse
O mundo não seria mais manso, ameno e mais humano?
19/05/09