Ponta de Faca

Peixeira rasgante, sem cerimônia.

Goela abaixo, até o final da barriga.

Sai pus, sai mágoa, sai sofrimento.

Sai sangue, sai tripa, sai tudo.

Espeta por gostar, esmaga por imaginar

Que o poder de seu metal

É maior que a força do meu falar.

Lâmina afiada

Não se pode nem triscar.

Se juízo o peixe ainda tivesse

Nem perto de ti passaria.

Pois só de se mostrar pra você

Adeus equilíbrio, adeus parceria.

Palavras bem colocadas

Tiradas do dicionário

Anos de estudo a fio

Palavras são meras palavras.

A faca desce cortando

Respeito, amizade e entendimento.

Não adianta buscar socorro.

Apenas o umbigo é o seu templo.

Ponta de faca não pensa.

Quem pensa é o seu dono.

Quem sabe se ela mesma pensasse

O mundo não seria mais manso, ameno e mais humano?

19/05/09

Maria Regina de Araújo
Enviado por Maria Regina de Araújo em 11/10/2013
Código do texto: T4520814
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