IMAGENS CILÍNDRICAS

Como eu sinto, não consigo expressar por palavras.

Tão pouco por vias de um desenho.

Não há formas suficientes.

Sem compilações irrisórias.

Talvez, muito talvez, por um traço.

Um risco trêmulo na forma de traço.

Uma linha ríspida e linear, contra o teto debaixo da escada.

O vazio alado do canto escuro, por baixo dos degraus.

De um cinza, sedento, o traço.

De onde as fadas voam, para onde os monstros vêm.

E ainda assim não haveriam sentenças o suficiente.

Para um tudo sem vida.

Do todo, algo sem graça.

Do todo, algo, e a falta de graça.

Como uma trama senil e opaca de significado.

O grito unívoco de minha inexperiência errante.

E o sussurro me apavora.

De fora para dentro, me devora.

E a gangrena, sedenta, desemboca chorosa.

Como o rio sem afluente, porque tudo chora.

É que não passam as horas.

Luzes incandescentes, circundam o céu estelar.

Pontos azuis cintilante condicionam o olhar.

É como se o tempo parasse.

Congelados, os dias passam na frente da TV.

Imagens parabólicas como o preto no branco do arrebol.

E as palavras caem no chão.

Esmiuçadas, as sentenças imaculadas, afogada contra o chão.

E a linha retangular cortando o horizonte em fatias curtas.

O cenário destrinchado ocupa a cena, insensata.

De verdades erradas e mentiras não ditas.

O doce da vergonha, inventando o infinito.

Desaguado contra o céu, o todo, o tamanho, a imensidão.