Âmago

Pousei a mão no silêncio e encontrei uma pétala murcha. A pétala que um dia brilhou as estrelas da vida, hoje se encontra agonizante. Relembro os intensos períodos sem nunca ter percebido que havia uma pétala no interior. A pétala que formava a corola da existência, um dia sorriu.

A pétala devia ser tão linda antes da decomposição. Quem dera eu tivesse observado a sua presença. Viveria em harmonia com os jardins do tempo. Um dia habitou uma bela pétala em mim. Qual será que era a sua cor?

Não a cultivei bem. Não a regava com as águas da linguagem, com a poética das nuvens e sinto o cheiro de lágrimas. Não importa se há estrelas no universo ou se o céu está azul. Não há vozes. Não há cores. Os ventos fugiram para outro repouso.

Revivi em poucos segundos todas as lembranças que a pétala mostra. Bradicardíaco, suspiro as imagens. Foi uma jornada... Espero que o tempo faça bem para essa pétala que foi tão mal cuidada. Tomara que o sol volte apenas para iluminar a pétala e dê novas cores a sua vivência. É um presente ter uma pétala no interior, só agora sei disso. A lembrarei sempre nos meus sonhos e a cada lágrima, uma memória.

Rodrigo Fernandes Ferreira Brito
Enviado por Rodrigo Fernandes Ferreira Brito em 15/11/2013
Reeditado em 15/11/2013
Código do texto: T4571938
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