pintura/Lilianreinhardt


          Quem sabe daquela rua, quem lembra ainda dela...é outra, é outra, esvaneceu...o traçado foi apagado, não há mais bueiros, nem corredeiras de chuvas, nem corvos sobrevoando em remoinho sobre o capão depois do trilho do trem, sobre as favelas da beira da linha, sobre a casa de chão de barro da manca Edília, de sua cozinha com panelas areadas que refletiam o sol...mas, ainda ao longe se vê a cúpula da bizantina, é ainda a mesma, prateada como uma nave extraterrestre e ainda se ouvem os sinos...ah são os sinos do padre Santo, aquele padre imenso de mais de tres metros de altura, talvez do tamanho de um arranhacéu...era preciso subir uma longa escada para chegar próximo aos ombros dele...depois,  fazer uma ginástica para pular sem derrapar sobre aquele largo patamar  e caminhar muito até chegar à grande face dos rochedos das muralhas de seu rosto...e como  escapar-las até sua boca para ver-lhe o sineiro e ouvir-lhe o repicar dos sinos...???!!!