Consciência

O século XXI já nos aponta que a realidade exige de nós uma conduta de reaprendizado para mantermos nossa vida no mundo.  Nós ainda estamos escalando altos patamares, movidos pelo desejo de ascensão social, pela aspiração à aquisição e acúmulo de bens que demonstrem uma personalidade bem sucedida. E é a isto que chamamos de “sonhos de consumo”. O mundo vem se multiplicando em objetos cada vez mais específicos e sofisticados para satisfazer o ego de cada um. Porém, essa escalada começa a cobrar o preço de uma sociedade humana movida pelo consumo exacerbado.
A produção de mercadorias hodiernamente é fabulosa. E a questão do “ter” a cada dia se sobrepõe ao “ser”. A vitrine do consumo se renova diariamente e o que hoje serve para atender a “satisfação” dos egos, amanhã já será peça obsoleta. E a cada investida desse tipo cai-se na exploração permanente dos recursos naturais que, diante das inovações em grande escala, vão se extinguindo. Vivemos um estilo de vida ditado pela aquisição de bens de consumo. E desta roda só participa uma pequena parcela da sociedade, enquanto a grande massa é excluída.         
Custa-nos muito caro a celebração do supérfluo. Comprar é sinônimo de status, tornando-se o esporte predileto do planeta. E enquanto compramos e descartamos, os problemas ambientais se agravam. O que não serve mais já esgotou parte dos recursos naturais e, ao ser jogado fora, acumula-se como resíduo predatório do meio ambiente, pois muitas vezes não pode entrar no rol da reciclagem ou simplesmente é ignorada essa possibilidade. Assim, precisamos enxergar que há uma estreita ligação entre os nossos hábitos de consumo e as questões ambientais. Necessitamos, pois, conciliar ambos os pontos para encontrarmos o equilíbrio da sobrevivência.
A escalada perpétua do consumo precisa ser refreada. Quando os limites já estão postos, os desafios também se põem como chamamento da consciência. Um sexto da humanidade consome o que o restante é convocado a produzir para essa parcela, sem ter acesso aos bens produzidos. Ficam as sobras como forma de desafogo daqueles que consomem ilimitadamente. Não precisamos de tanto para viver porque o necessário é o que deve se impor. Somos seres que vivemos em constante mutação. Precisamos da renovação, porém torna-se imprescindível a avaliação entre o que deve permanecer (patrimônio) e o que deve ser renovado. Creio que hoje não nos é mais permitido continuar nesse ritmo de crescimento consumista. Quantos celulares já compramos e descartamos a cada novidade imposta pelo apelo mercadológico? Quantos anos dura um carro em nossas mãos quando o último modelo apela para as vantagens do novo consumo? Geladeiras, sofás, quanto duram? A cada descarte podem ir para outras mãos ou então estarão a boiar nos rios os objetos que substituímos, tornando nosso pobre planeta uma montanha cada vez maior de entulhos e quinquilharias de nossa sede de consumo. Assim, os bens de consumo são produzidos em excesso e sua durabilidade é por tempo cada vez mais limitado e entramos na roda da substituição e do acúmulo infinitos. Os países ricos a cada dia criam novas tecnologias, mas o descarte vai parar no solo, nos mares ou rios dos países pobres. Já nos perguntamos, por exemplo, qual a quantidade de computadores e seus suplementos que trocamos nos últimos 2 anos?       Chegou a hora de despertarmos para a consciência de que também nós, os seres humanos, precisamos nos reciclar, mudando nossos hábitos. Chegou a hora, em suma, de alterarmos profundamente nosso estilo de vida. As novas gerações têm pela frente a herança de um grande desafio: terão de viver de outra forma e aprender que o “ter” não é o essencial. 
Maria Aparecida Motta
Enviado por Juraci da S Martins em 15/12/2013
Reeditado em 15/12/2013
Código do texto: T4612907
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