QUANDO A ALMA CHORA

Naquele dia, a casa faxinada com esmero, reunia todos ali.

Meus filhos, filhas, genros, noras, netos, netas...

Festejavam com entusiasmo o ano novo que chegava.

Roupas novas, maioria branca, simbolizavam a paz almejada.

No meio daquela festa, barulho natural de vozes, musica e fogos,

Onde eu fazia parte de alguma forma, se não pelo amor da família,

Pelo respeito à minha idade, a mais vivida de todos ali.

Entre abraços, demonstrações de afeto real, minha alma sentia-se triste.

Minha lembrança buscava, meu marido, meu filho amado, meus amigos...

Que ainda ontem estavam comigo, mas que se foram para um mundo distante,

Onde só poderei vê-los em meus pensamentos.

Eu nem podia disfarçar.

Lágrimas teimavam em rolar pela minha face castigada pelo tempo.

Todos, riam, se divertiam como era normal.

Rodeada de tantos entes queridos, onde tantas atenções eram voltadas para mim

Eu sentia -me deslocada, só, desamparada.

No mesmo momento que eu dizia para mim mesmo

Que assim era a vida, que tudo passa,

Um grande desejo de fugir dalí, tomava forma em mim.

Porem sabia que eu não faria isso.

Continuaria firme e forte, festejando mais um ano que talvez fosse

Somar na minha existência.