A VÓS QUE SOIS O DIA-A-DIA
Irmãos, corramos
Vós que acelereis sempre
Sois o corre-mundo no aquário com vista para os fundos
Vós que entrastes no infindo oceano, de pálpebras rendidas
(calmas vencidas, almas vendidas)
Pois sois loucos neste sol de pedra; abneguemos as razões
Tendeis a serem humildes, seres infalíveis
Não percamos tempo, comamos vento
Corramos!
Sois bicicletas-carretas, sois caretas
Vós vos dizeis à pequena boca:
Vençamos!
Não percamos os milhos nem as quireras
Sejais, assim, bentos
Santos excrementos
Mas, mesmo assim, corramos
Vós corastes a face trevosa pela escala que avança
Morramos pelas notas sem dai-vos conta
Corramos pelas contas sem dai-vos nota
Fujamos sem capota, coração em compota
Cegastes a ti até aqui, chegastes daqui para ali
Vós que ganhastes a eternidade num polido jacarandá enfeitado
Ostentastes
Pois, chegastes!