A VÓS QUE SOIS O DIA-A-DIA

Irmãos, corramos

Vós que acelereis sempre

Sois o corre-mundo no aquário com vista para os fundos

Vós que entrastes no infindo oceano, de pálpebras rendidas

(calmas vencidas, almas vendidas)

Pois sois loucos neste sol de pedra; abneguemos as razões

Tendeis a serem humildes, seres infalíveis

Não percamos tempo, comamos vento

Corramos!

Sois bicicletas-carretas, sois caretas

Vós vos dizeis à pequena boca:

Vençamos!

Não percamos os milhos nem as quireras

Sejais, assim, bentos

Santos excrementos

Mas, mesmo assim, corramos

Vós corastes a face trevosa pela escala que avança

Morramos pelas notas sem dai-vos conta

Corramos pelas contas sem dai-vos nota

Fujamos sem capota, coração em compota

Cegastes a ti até aqui, chegastes daqui para ali

Vós que ganhastes a eternidade num polido jacarandá enfeitado

Ostentastes

Pois, chegastes!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 26/04/2007
Reeditado em 11/10/2023
Código do texto: T464592
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