Só "causos"

Sacava o canivete da algibeira

Mil moleques à sua beira

O pé de laranja era a fruteira

Sua biografia era seu ponto

Contava mil e tantos contos

Um conto para cada um

para aquele, para o outro e para mim

Tinha peixes enormes fisgados

Paixões e amores fracassados

Seu alfarrábio, um baú sem fim

Alguns de manga se lambuzavam

Outros, com jabuticaba se entupiam

Escravos, protagonistas, na alforria

Muitos gemiam na senzala

Grilhões nos bastidores,

Mordomos eram nas salas

montavam o elenco de todas os fatos

enfiados em pecadores e beatos

contava fantasmas e assombrações

À luz de lamparina, falava de Lampiões

Reconhecia cobras de mil venenos

Fazia de feras animais serenos

E cada um, em um conto absorto

Ouvindo o certo, em conto torto

Viajava em história jangada

Viajava o mundo...e mais nada

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 20/01/2014
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