Não volta mais
De tempo ao tempo
Saiba que o vento
Quando sopra, forte ou fraco
Traz consigo pensamentos
Palavras ditas ao léu
Mórbidas angustias e sábias esperanças
Não somos mais crianças
Não temos mais tempo
De brincar de roda, de pular amarelinha
De empinar pipa, de jogar pelada na rua
De brincar de esconde, esconde, de passar anel
De escolher no escuro, aperto de mão, abraço ou beijo
Nossas brincadeiras são outras
Não mais sofisticadas que outrora
Nossos pensamentos vão longe
Lá traz buscamos um tempo
Que não volta mais, mas sábio nosso corpo
Faz a lembrança voltar a tona
Ouvir de novo aquela cantiga
Já não tão antiga
Mas que faz nos recordar
Como era bom tudo isso
Toda infância me moldaram
Talvez um romântico, ou um sádico
Um poeta, um lunático
Um carrasco, uma besta quadrada
Com temperamento indiscreto
Com nuances de repente
Faz o tempo com a gente
Um pequeno delirante
De retiradas em retiradas
Nossas angustias, ficaram pra traz
Deixamos de ser capaz
Em tudo que acreditávamos poder
Nem tudo que penso eu posso
Só posso o que tenho
Nem tempo eu tenho mais
Quem dera tudo de novo
Sem tirar nem por
Viveria tão intensamente
Até te encontrar de novo