SEM DÓ OU PIEDADE.
Quisera ser soberano investido de poderes absolutos!
Para fechar os portos à saudade,
Bater às portas as dores que me dilaceram,
Retirar sem piedade às lembranças que se levantam, intimidando-me;
Negar-lhe nutrientes, até morrer a esperança!
Porém, sou apenas um pobre de coração passivo,
Que sofre de amor e chora suas saudades antes de dormir;
Que acorda nas madrugadas para dar vida aos sonhos imitando
Os poetas em suas trovas, cantando suas coragens frouxas,
Imaginando-se Soberano, arrancando sem dó ou piedade do peito a
paixão, que iguala os tiranos e poetas a loucos!
Sem delírios, sou só um cativo da saudade,
Um lírico, a espera de alforria, fiel aos milagres do amor,
Não mais que um simples trovador - Louco, para ti a cantar.