Eugênio e Clara - Parte I (Republicação)

"Eugênio e Clara - Parte I"

Pairada no ar, a fragrância tênue que denunciava a sua

presença. Envolta num feixe luminoso transpareceu na figura de uma

estrela. Pôs-se ao centro, onde todas as outras foram ofuscadas pela

sua beleza.

Na delicadeza de suas pequenas passadas, desfilou por entre

as mesas até repousar-se em uma humilde cadeira de palha. Onde a

leveza de seu movimento desenvolvia-se em câmera lenta, como se o

vento a carregasse por entre campinas.

Até os copos, de suave vinho, desejavam tocá-la, de tão

delicados que eram seus lábios. A jovem, percebendo os atentos

olhares, sentiu-se acanhada diante da situação e prontamente

abaixou sua pequena cabecinha.

Logo ao lado, uma antiga estátua tornava a cena um tanto

quanto cinematográfica. Um pequeno anjo; com sua asa direita

quebrada, emanava de sua pequenina boca, um jato de adocicada

água.

Instantes se passaram enquanto a jovem observava o

renovar da pequena fonte angelical, não percebendo que a distância

alguém a observava.

Como de costume, pois em todos os momentos sentia-se

vigiada, levantou-se de súbito e encaminhou-se até os seus

aposentos. Afinal morava naquele lugar, tinha o direito de se retirar no

momento em que achasse conveniente. E assim o fez.

Subiu até o segundo andar da enorme casa, sentia-se

cansada e meio tonta, por conta dos pequenos goles de vinho. Não

tinha o hábito de beber, mas naquele momento sua tentação não pode

ser dominada. Assim, ao chegar a seu quarto rosado deixou-se

desabar sobre o enorme e macio colchão.

A janela estava aberta e por ela ainda podia permitir a

entrada de um pequeno e iluminado feixe de sol, emanando uma luz

harmoniosa e duradoura. Também, ouvia-se a música que lá fora

tocava, ao misturar-se com os estrondosos risos de homens e

mulheres afoitos. Sentiu-se entediada por estar sozinha, mas

recordou-se do desconforto dos homens que a observava.

Encorajou-se e levantou-se, foi até a janela que dava para

uma pequena varanda, ninguém podia vê-la, exceto o jardineiro que

insistia em plantar rosas todos os dias.

Fechou seus olhos e respirou profundamente aquele ar puro,

espreguiçou-se, deixando transparecer ainda mais as curvas

estonteantes de seu corpo. Ao reportar-se, pôde surpreender-se com

uma linda imagem: um arco íris se formava bem a sua frente.

Tentou observa-lo ininterruptamente, mas seus olhos ardiam.

Então, a jovem menina resolveu sentar-se, e assistir àquele

momento.

Enquanto a jovem primava pela beleza natural logo a sua

frente, no descampado, próximo ao lago, um jovem deitado tocava-se.

Era Eugênio, o jardineiro da casa, um jovem alto e forte, de

uma beleza quase agressiva, mas instigante. Deitado na grama, e

coberto apenas pelos raios (os mesmos que agora beijavam o seio de

Clarinha) o jovem acariciava seu sexo, veemente ereto; não

percebendo que estava sendo observado.

Enquanto isso, estarrecida, mas muito mais curiosa Clarinha

escondeu-se para que não fosse descoberta.

A imagem do jovem Eugênio, que antes nunca ofereça

apreciação, tornou-se límpida e desejada. A menina, que mantinha

distância dos empregados, desejou estar próxima tão próxima que fora

capaz de deixar escapar um leve suspiro.

Eugênio, ainda tocando seu enorme pênis, percebeu

Clarinha. Continuou o ritual, ora expondo a ereção nua e crua, ora

acariciando-o, em movimentos bruscos e ansiosos. Percebendo a

excitação da jovem, recolheu seu membro ao mínimo esforço,

levantou-se, vestiu suas roupas e fingiu não vê-la.

A jovem, irritava, levantou-se rapidamente. Desceu as

escadas rapidamente e foi ao encontro de Eugênio.

O jovem Eugênio, rindo por demasia, caminhava maroto e

moleque, quando foi abordado por Clarinha: “Deseja alguma coisa,

Dona Clara?” perguntou Eugênio. “Desejo Eugênio.” Respondeu

Clarinha.

Note que não há pausa entre “desejo” e “Eugênio”, mas

assim não interpretou o jovem: “Pois diga dona Clara, estou a sua

disposição”.

Clarinha, percebendo a falta de compreensão do jovem

respondeu: “Há rosas murchas no jardim!”.