O TEMPO DE CADA UM

Já é sábado

E o tempo se deixa vencer pela sobriedade das nuvens

O sol, posto de lado,

Aguarda o instante de tostar o asfalto

Já é sábado

E a véspera não foi das melhores

Uma lágrima cor de nuvem

Ficou presa na garganta

Amor?

Onde? Em qual lugar puseste a senha?

Os dias seguem entre sol e chuva

Dias claros e escuros... E nada mais parece me inquietar

Já é sábado

O tempo não custou a passar

Minha manhã de névoa embotada

Persegue solenemente a tristeza que guardo

Perdi dias demais em troca de nada

Dei demais de mim a quem não deveria

Pensei que se sonhasse com o quase perfeito

Um dia, quem sabe, a perfeição seria fato.

Nada há de perfeito agora,

Ao menos nas coisas que vejo

Deve haver um monte de bebês sentido a dor do primeiro ar

Gente de toda sorte pensando estar em face ao amor de verdade

E já é sábado

E nada disso faz sentido

Um grito distante

Um pedido de ajuda

Uma metamorfose que não se cumpre

Uma borboleta que não rompe o casulo... E morre!

Simplesmente porque é sábado

E os beijos abarrotados de amor

Jazem trancafiados nas páginas do livro mofado

Lido e relido como alento

Para evitar, quiçá, as nuvens do esquecimento.

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 01/02/2014
Código do texto: T4673532
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