É natureza
É natureza...
Sim, havia sol nos teus olhos e eu em ternas primaveras
me preparava para florir como fazem os campos ...
a vida crepitava como rio que não esbarra em pedras
nem revolve as suas areias ao deslizar no leito
o tempo não fazia nuvens e nós éramos ar e pássaro
a riscar momentos em vôos no céu das nossas almas.
Os nossos dois corpos nada exigiam além do desejo
que brotava como sementes a prenunciar girassóis
e como nos enganar se a luz contida venceu a escuridão
se haviam palavras em nossas bocas e sede nas gêmeas almas
se a tua presença continha toda a minha saudade
e o não te ver pedia em mim sempre o que eu mais queria !...
De que modo conter a fúria de tempestades de verão,
os brutos sentimentos soltos qual potros selvagens
e o que fazer da densa névoa a nos cobrir como lençóis
ou das flores e relva que nos colheram afinal ?
Qual o lapidar de diamantes cada dia foi cortando
fazendo de valiosas gemas onde pedras existiam;
a tecer o açoite dos ventos desaguamos profundos lagos
e nos enraizamos como álamos iniciando novos caminhos ...
dalila balekjian