TODA BORBOLETA TEM O SEU ANIMAL
Pobre borboleta!
Amarela como a manhã primaveril
Não sabes quanto encantas outrem.
Membranosas asas beijando o ar
Visitando estames, caçando néctar
A espalhar o pólen, a engravidar o mundo.
Reles lepidóptera!
Seus ocelos não veem, suas antenas tampouco
Parecem cadentes ao horizonte extremo.
Sempre libertas, sempre marotas
Sacolejando, assumindo sua condição bichana
Alinhas com o córtex e se ocultas.
Pobre borboleta!
Prásina como a lata dum ser hepático
Não tocas harpa, não embeleza a vida
Mas, tem as pernas
A deixar a lama que o humano criou.
Pobre humano!
Não sabes entornar o encanto da borboleta
Que nasce lagarta, que se agasalha em crisálida
Ofusca a rasura bípede e ignóbil
Das pessoas à sua volta.