'' LEMBRANÇAS '' 2

...uma rua já longe daquela outra rua da ladeira..longe do sobrado e do quarto do primeiro andar, do abajur da luz lilás e das cortinas ao sabor do vento que entra pela janela, longe da dama na cama largada molegata e nua, longe do perfume de gardenia que a dama da noite usava e longe tambem do cheiro de coito e suor tudo misturado, longe da musica da vitrola que tocava um bolero...ou seria um tango? ou seria Tito Schippa cantando em napolitano?, ahhh, tudo isto não tem agora a minima importância, o que passou passou, foi bom enquanto durou pensa um vulto que anda a passos apressados na rua escura e comprida onde a luz eletrica clareia timidamente as pedras paralepipedas molhadas da chuva e a luz do luar montando formas ao sabor da brisa leve da madrugada, a boca da noite já se fechou faz tempo, o sol já vai nascer, pensa o vulto que se afasta mais e mais daquela rua da ladeira

...nesta rua longa e comprida longe daquela outra rua, o vulto, masculino vulto, caminha apressado como querendo mesmo daquela rua da ladeira se afastar, rua aquela '' mau vista e mau afamada onde damas da noite se escondem nos sobrados'' onde vende-se amor como se pedindo esmolas a estranhos, vivendo da caridade de estranhos que vem e vão, vão vão...alguns voltam e de novo se vão...vão

...o vulto para, olha para tras, vira todo o corpo como se estivesse fazendo meia volta e ameaçando naquela rua da ladeira do sobrado voltar, não volta, volta a andar e tenta andar e se afastar, dá alguns passos, tenta ir em frente, para de novo, se vira e decide..vou voltar.

...volta, volta apressado....chega na rua da ladeira do sobrado do primeiro andar...sobe as escadas apressado, bate de leve na porta, bate mais forte..um voz feminina manda '' pode entrar '', ele entra no quarto...na penumbra vê o vulto feminino nua ainda na cama quente e nos lençois macios, o abujur da luz côr de lilás aceso...a vitrola ainda no toc...toc...toc...ninguem a desligou ainda, a agulha raspa o disco que quase o fura agora...ele desliga...lê o rotulo...era um tango, sente o perfume de gardenia, o cheiro de coito e suor ainda está no ar e a luz do dia , a luz do sol vai aumentando..as cortinas paradas, nem uma leve brisa para fazerem elas dançarem a dança louca que dançavam a noite que passou....ele agora nu, pelado, em pelo se deita ao lado dela...

....senti saudades, diz ele......senti tambem, e melhor, saudades com muitas lembranças, diz ela...

...ele a abraça, ela o beija, pela segunda vez na vida ela beija na boca, o primeiro foi aos dezoito quando comeu seu primeiro '' biscoito'' ela o amava e ele lhe pediu uma prova de amor, ela deu, sua virgindade que ele depois que a ganhou de presente levou com ele para sempre...sumiu e agora este um merecia de novo um beijo longo e gostoso, e o coito de amor recomessa, recomessa não,...continua dia a fora, o sol a pino fazendos os dois corpos suarem impregnando o quarto e se misturando ao cheiro de coito bem feito.

...coito de amor é assim, tem começo mas não tem fim

...ela diz que ficou feliz.....ele diz que gostou de voltar...diz que agora vai ficar...vai tira-la dali....vão para longe...vida nova começar...coito bem feito tem destas coisas...coito feito deste jeito faz o amor nascer, faz a paixão despertar, deixa saudades que depois fica na lembrança, ou lembranças, se forem dos dois....ainda bem!!!

...ainda bem que ele, como um cavalheiro andante, voltou..e pelo jeito voltou para ficar...que bom!!!

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 11/02/2014
Código do texto: T4687263
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