ÊXTASE

O som que se ouvia era de um pássaro. Cantava tão alegremente que expressava um canto diferente, talvez porque estivesse pousado em um galho de árvore , talvez porque o céu límpido de azul celeste mostrava um infinito cálido e majestoso, ou porque folhas delicadas, mescladas de marrom e dourado bailavam uma dança sensual, inebriadas pelo canto, inebriadas pelo toque sutil do vento. Ah como é gostoso esse toque delicado, flutuar e pousar, flutuar na cadência rítmica, sussurrar, pousar... Era um pássaro livre, cantava a liberdade. O verde da grama é diferente do verde do mar. Um traz calmaria, o outro mistério, um aprisiona o corpo, outro a alma. Fixo, como olhar de amante que aprisiona o fôlego, estremece o seio, enrijece os mamilos , inunda os segredos, arqueia, contrai as mãos nos cabelos longos como manto de santa pura e imaculada, prostrada no altar macio, coberto de cetim, refletido em ângulos oitavados... O som era de apelo, de gozo, era um canto diferente... Cantava os prazeres das meretrizes em noites de luxúria, cantava o cálice da impudicícia, da avidez de todos os sentidos tresloucados, de frases desconexas. Canta para mim, canta o som dos amores, canta. Canta enquanto adormeço...

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 13/02/2014
Reeditado em 17/02/2014
Código do texto: T4689707
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