SANGRAS-TE
Posta alma tua à vigília minha, sangras-te
Para que todos os anjos sobejem
Imposto à tua pele, o inerte ranço
Exsudando, apreciando e te apetecendo.
Lavras-te a se tinjas com decência
Nem o fel, nem o espetaculoso mel
Deita-te a deiscente creolina
- amarga e podre, ébria de cântaros.
Faz-se-á presente rejeito meu
Quando a anágua balouçar sob o trinado
Em cândida jaula, lêmures e variegados trevos
Sangrarás, digo-lhe com primazia, sangrarás!
Nem o assaz torpor da tua defesa
Sacará por ti a pederneira
Nem ao berro da gaivota
Nem ao aterrador afeto que lhe caíra.
Sangras-te e se esgotes na tua existência pífia.