SANGRAS-TE

Posta alma tua à vigília minha, sangras-te

Para que todos os anjos sobejem

Imposto à tua pele, o inerte ranço

Exsudando, apreciando e te apetecendo.

Lavras-te a se tinjas com decência

Nem o fel, nem o espetaculoso mel

Deita-te a deiscente creolina

- amarga e podre, ébria de cântaros.

Faz-se-á presente rejeito meu

Quando a anágua balouçar sob o trinado

Em cândida jaula, lêmures e variegados trevos

Sangrarás, digo-lhe com primazia, sangrarás!

Nem o assaz torpor da tua defesa

Sacará por ti a pederneira

Nem ao berro da gaivota

Nem ao aterrador afeto que lhe caíra.

Sangras-te e se esgotes na tua existência pífia.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 17/02/2014
Código do texto: T4695148
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