Sentido.
Sou o tempo que deposita epífrases em períodos realçados,
A alma em plenitude serena que permanece inquieta,
O contemplar que manifesta encantos anunciados,
A visão ditosa que abrolhada no espírito de um poeta,
Sou a precipitação suave deixando a terra molhada,
A percepção ciente de quando os devaneios se calam,
O gracejo ornando facetas do tudo frente ao nada,
Nos ensejos que aromas rescindidos no ar exalam,
Sou captação aleatória de vocábulos conduzidos,
A sensata localização ocasional na palavra certa,
O ensejo que germina nas horas que são produzidos,
O bardo que volita sozinho buscando outra descoberta,
Sou o ontem ocorrido, o espólio das próprias invenções,
O sossego que traz a criação a um poético sonhador,
A imaginação entorpecida em pulcras manifestações,
A aspiração que soluça nos lábios de um cantor,
Sou a expectativa que no afinco da espera conceitos tece.
Intercalando-se nos princípios legais dentre meios e fim,
O feitiço que esquenta o devaneio que venturoso adormece,
Aludindo as citações que se originam dentro de mim,
Sou cotejo e inspiração que enflora em qualquer momento,
A origem e coação, incidências, matizes sobressaindo à cor,
Entusiasmo apresentado que em mim jaz por sentimento,
A aproximação de casos em histórias que adubam o amor,
Sou o mistério correspondente que se revela em segredos,
A entrega completa independente dos pesares e das aversões,
Sou guri desenvolto emancipado da influência dos medos,
O ocaso que devora o tempo e oferece novas restaurações.
Sou a existência em tempos seguindo os caminhos da brisa,
O emudecer do crepúsculo que divulga sempre um novo dia,
Sou o amparo, a idolatria abrasadora que com carícia alisa,
Solto num tempo que eu registro como instituindo poesia...