O rouxinol
Há tempos um rouxinol sentava à janela
Cantarolava sua bela melodia em ouvidos meus
Ao final, juntava seus frutos e então partia.
Voltava todo anoitecer,
Demonstrava mais afeição na lua cheia
E me passava a segurança de sua bela companhia.
Dias, dias e dias...
No longo e solitário horizonte,
Onde está meu pequeno rouxinol?
Aquele que conheci outrora.
Findou-se com o meio termo do seu canto?
Pairou em outra janela e se dispôs a cantar?
Talvez nada disso.
Como uma lembrança, penso vê-lo lá...
Mas e seu canto?
Não consigo ouvi-lo...
Seu cantarolar, contínuo e vago, se foi.
Não sou mais que ouvidos surdos ao rouxinol.
Pensei ele ter se afastado,
Não. Sou eu.
Eu não mais suporto seu canto.
Levou a minh’alma ao anseio de um futuro bom.
Pobre rouxinol.
Pensa cantar-me todas as noites...
Enquanto alucino por outros cantares.