Mneumônico de uma Rosa
A Rosa agora é seca
Está sem vida, sem cor, sem prumo.
Cabisbaixa, reflete.
Algo a tomou, é certo.
Ela me confessou do seu jeito bem e doloroso.
Alguém a admirava todos os dias
Regava-lhe, a lembrava do seu significado para a vida,
Mostrava-lhe o mundo,
Cultivou os seus brotos.
A cada um que surgia...
Pobre e bela Rosa,
Encantou-se pelo jardineiro errado
Confiou-lhe a vida, acreditou em suas palavras encantadoras
Em seus gestos delicados, em suas histórias sedutoras.
Ela se entregou, pétala por pétala...
Desfez-se de seus espinhos para não machucá-lo
Ofereceu-lhe o que tinha de melhor...
O maldito conseguiu o que queria
Então, foi-se...
Agora, desiludida ela se despedaça
Aconselha a quem passar, enquanto perece:
-Não acredites em um belo sorriso ou em um molde perfeito,
Em palavras ludibriadoras e carinhos entorpecentes.
O físico te destrói e o idealizado some com sua vida, lembre que o excremento é desprezado por ser desnecessário, mas volta a nós disfarçado para tirar nosso calor.
Saiba, a essência é podre e fétida.
Primeiro ele me veio como vitalidade, me nutriu, me adubou, me tratou...
Depois que cheguei ao meu melhor,
Desprezei minha autossuficiência
Passei a dele depender...Sumiu.
Deu-me e tirou a vida.
Agora esvaeço na esperança de alguém me resgatar deste frio do desprezo...
Para voltar a viver
Só reclamo uma ilusão novamente.