Mneumônico de uma Rosa

A Rosa agora é seca

Está sem vida, sem cor, sem prumo.

Cabisbaixa, reflete.

Algo a tomou, é certo.

Ela me confessou do seu jeito bem e doloroso.

Alguém a admirava todos os dias

Regava-lhe, a lembrava do seu significado para a vida,

Mostrava-lhe o mundo,

Cultivou os seus brotos.

A cada um que surgia...

Pobre e bela Rosa,

Encantou-se pelo jardineiro errado

Confiou-lhe a vida, acreditou em suas palavras encantadoras

Em seus gestos delicados, em suas histórias sedutoras.

Ela se entregou, pétala por pétala...

Desfez-se de seus espinhos para não machucá-lo

Ofereceu-lhe o que tinha de melhor...

O maldito conseguiu o que queria

Então, foi-se...

Agora, desiludida ela se despedaça

Aconselha a quem passar, enquanto perece:

-Não acredites em um belo sorriso ou em um molde perfeito,

Em palavras ludibriadoras e carinhos entorpecentes.

O físico te destrói e o idealizado some com sua vida, lembre que o excremento é desprezado por ser desnecessário, mas volta a nós disfarçado para tirar nosso calor.

Saiba, a essência é podre e fétida.

Primeiro ele me veio como vitalidade, me nutriu, me adubou, me tratou...

Depois que cheguei ao meu melhor,

Desprezei minha autossuficiência

Passei a dele depender...Sumiu.

Deu-me e tirou a vida.

Agora esvaeço na esperança de alguém me resgatar deste frio do desprezo...

Para voltar a viver

Só reclamo uma ilusão novamente.

Metanóia
Enviado por Metanóia em 14/03/2014
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