Fumaça Leve

A brasa resplandece em meu beiço flácido e desbotado,

suga minh’alma em devaneios esfumaçados e eleva

aos andaimes celestiais concupiscentes, enquanto

leio meus velhos livros cheios de fuligem plúmbea

que nada dizem.

A tabaqueira se esvazia conquanto os escrúpulos me assolam

as xícaras em cacos verdes geométricos dizem que

de nada vale chorar...(não tem valia para as xícaras...).

Já os gatos, preto e amarelentos, empertigam-se defronte

meus olhos vazios e úmidos, desejando talvez uma

baforada ou um chamego apertado.

O mundo é sombrio e cinzento e gélido

(como meu coração),

a chuva banha e inunda a filosofia vã e rega o ocultismo sã

o mistério íntegro que são esses versos pútridos, esse

alfabeto antigo...essa adaga embebida do sangue de

meu peito.